30.6.13
o mundo tá pegando fogo, baby
vem cá, q eu tenho o vinagre certo pro teu gás lacrimogêneo
eles querem que a gente faça lágrimas
e a gente faz sorrisos
e só isso
e isso é lindo
a gente faz um esforço danado
pra chegar na coisa mais simples
nem a teoria mais revolucionária
ou mais golpista
resiste à prática
do nosso
amor
vem cá, q eu tenho o vinagre certo pro teu gás lacrimogêneo
eles querem que a gente faça lágrimas
e a gente faz sorrisos
e só isso
e isso é lindo
a gente faz um esforço danado
pra chegar na coisa mais simples
nem a teoria mais revolucionária
ou mais golpista
resiste à prática
do nosso
amor
24.6.13
sabe quando vc acorda meio de ressaca
olha em volta
e não sabe muito bem onde vc está?!
é mais ou menos assim q muitos estão
acordados agora
se esse é o seu caso, meu amigo
não saia pondo abaixo as paredes da casa
se levanta, dá uma caminhada,
toma um café, joga uma água fria na cara,
olha com calma
e tenta reconhecer tudo em volta
talvez vc esteja derrubando as paredes
da sua própria casa.
olha em volta
e não sabe muito bem onde vc está?!
é mais ou menos assim q muitos estão
acordados agora
se esse é o seu caso, meu amigo
não saia pondo abaixo as paredes da casa
se levanta, dá uma caminhada,
toma um café, joga uma água fria na cara,
olha com calma
e tenta reconhecer tudo em volta
talvez vc esteja derrubando as paredes
da sua própria casa.
22.6.13
poesia no front, Rio, 20 de junho de 2013
Poesia no
front 1
uma neblina
paira sobre o rio
e um cheiro ardido
de ditadura
e um cheiro ardido
de ditadura
Poesia no
front 2
lágrimas
nos olhos...
gás lacrimogêneo ou tristeza?!
tanto faz
tudo volta
como
revolta
gás lacrimogêneo ou tristeza?!
tanto faz
tudo volta
como
revolta
Poesia no
front 3
agora já
pararam as bombas e os helicópteros,
e os
passarinhos cantam no amanhecer...
e algo no
canto deles me diz "vem voar"...
e eu vou!
quanto mais
o poder tentar nos encerrar,
mais a
gente vai dizer q só começou!
NOTICIÁRIO
os vândalos
atiraram bombas de gásos vândalos atiraram balas de borracha
os vândalos atiraram spray de pimenta na cara
e atiraram até mesmo com armas de fogo
os vândalos cercaram todas as ruas
os vândalos chegaram com carros, cavalos, escudos
helicópteros, redes de TV
os vândalos NÃO QUEBRARAM TUDO
quebraram TODOS
há muitos anos
os vândalos andam saqueando
os nossos bolsos
os vândalos acham que vão nos sangrar
com quem quebra um vidro
mas um vidro quebrado
não sente a dor de ser quebrado
um vidro não reage
que nos aguardem os vândalos que estão no poder:
nós reagimos!
19.6.13
15.6.13
Olha, você esqueceu uma coisa aqui em casa. O seu cheiro.
Ele se escondeu nas dobras dos lençóis e não me deixa dormir. Ele me faz
cócegas nos pés. Ele surge sorrateiro debaixo dos travesseiros, e brinca com os
meus cabelos. Ele está bagunçando tudo aqui, não para quieto. Ele até recita
Clarice, você precisava ver. Olha, isso não está certo, largar o cheiro assim,
sem mais nem menos, na casa dos outros. Eu não sei o que fazer com ele. E o que
ele faz comigo, sem você, não tem graça. Faça o favor de vir buscá-lo, sim? Quando
você vai embora, deve levar tudo o que é seu. Inclusive, eu.
10.6.13
IMERSÃO NA FAZENDA
ou relatório em 2 dias
para minha orientadora de Mestrado
na fazenda da Malu
tem vaca e tem
cachorro
tem formiga e
carrapato
queijo curando,
pimenta ardida
e farofa amarela
tem o mel das
abelhas
que ela encanta
pra adoçar a tarde
tem trem de carga
do lado de lá da
estrada
e pra lá de pra lá
diz que tem um rio
aqui
a gente tenta
fazer mexer
a cabeça
pra encaixar
no braço e no pé
parece que vai dar
pé...
embora isso pareça
assim
meio sem pé nem
cabeça
tudo se encaixa
e vira luz
projetada nas finas
paredes
do tempo
- transparências na
caixa da noite
toca o sino da
comida
e todas as letras
brincam
na língua da Luiza
fazendo cócegas
na barriga
queijo torrado
e vinho gelado
fazem a cama
pra deitar um bom
papo
o trem mais uma vez
desliza
sobre os trilhos dos
meus ouvidos
com todos os seus
vagões e apitos
a vaca mais uma vez
apita
os galos ainda
apitam
os grilos
e até os passarinhos
apitam
só no silêncio
há sons infinitos
à noite
a fazenda da Malu
faz medo
quando todos dormem
e os retratos saltam
dos quadros
e dançam rangendo os
assoalhos da casa
na minha mente
mal-assombrada
o trem da madrugada
também deve carregar
seus fantasmas
estremecendo as
paredes das casas
por onde passa
insetos esquisitos
fugidos do escuro
rondam minha lâmpada
acesa
- insetos também têm
medo,
concluo e durmo.
na fazenda da Malu
chamada Berros da
Maritaca
tem bom dia e café
forte
pra espantar o que
sobrou da noite
na varanda
da fazenda da Malu
tem uma cadeira de
balanço
onde eu fumo
e finjo ter sono
e um poema se
balança
nos meus sonhos
3.6.13
pequenos milagres
os livros já não me trazem respostas
as perguntas se tornam cada vez mais largas
já nem consigo formulá-las
então eu paro, acendo um cigarro
e me recosto na janela
- o sol nasce colorindo tudo.
lembro daquela menininha
dizendo na televisão
com toda a segurança
de seus 5 ou 7 anos: o branco
é um transparente mais escuro.
concluo, por um segundo:
mesmo sem deus
há milagres no mundo.
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